5 de outubro de 2011

Manuscrito de um louco


"Eu sou o que se pode chamar de pessoa atípica. Sou louco. E acho saborosa essa ideia. Ser observado como que em grades por olhos perversos, mal sabem eles que ofertam o prazer da masmorra gélida e cheia de mistérios. Mas eu já fui louco solto na vida. Já ri muito entre os homens e os fiz chorar sem que soubessem que eu era a causa das lágrimas. Eu sou louco. Mas vocês, ricos de bolso e pobres de ousadia, não sabem quem são os loucos reais. As grades das tuas celas são feitas de convenções e os olhos casmurros de "amigos" desconhecidos. Eu sou livre em minha própria consciência de louco, que não sente peso ou arrependimento. Vocês aceitam a loucura com seu cheiro fétido em cada esquina. E quando conseguem alcançar a minha alegria de devaneio, a perdem tentando manter os pés no chão. Me expliquem então: de que vale a tua felicidade racionalizada? De que vale o cantar do vento se você se tranca no quarto? E a bela natureza, que vocês representam em arranha-céus? E eu descobri o que acho de tudo isso. Dentro da minha própria loucura eu encontro a sanidade da alma. Por quê? Eu aprecio cada momento com deleite e me arrisco. Meus pensamentos não se trancam e não vivo a guerra dentro do peito. Eu faço-a no exterior da carne. E você, meu amigo, pode saber o que é isso. Venha partilhar de minha loucura e te mostro meus manuscritos mais verdadeiros que suas revistas rotineiras. Quererá você abandonar o medo e sair das amarras? Quem sabe. Só tenho a certeza da vida e da morte. E, claro, de minha alegre loucura."

Texto baseado em um trecho da obra "As aventuras do Sr. Pickwick, de Dickens. Devo explicar o sentido deste texto estar no cotidiano. Não, leitor, não sou louca. Ao menos, não de todo rs. Mas acabei tendo uma nova visão de "loucura" após ler este manuscrito, presente na obra. Acredito que muitos de nós acabam por criar idealogias errantes, e condenamos sem compreender o que o próximo vive. Enfim, acabei chegando à seguinte conclusão: tudo na vida exige uma pitada de loucura, pois se você não arrisca acaba estagnando. E, na minha mera opinião, não há nada mais chato do que a mesmice!
Até a próxima, leitores cotidianos!


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