27 de junho de 2011

Uma Analise a Tom Drummond

Sempre visito um site chamado Musicoteca em busca de músicas e artistas novos para apreciar e analisar suas obras. Há alguns dias eu estava fuçando no site e vi um grupo chamado "Comparsas da Vivenda" e em baixo da descrição da banda havia um vídeo caseiro que me chamou muito atenção. O vídeo era da música "Bento" que postei alguns dias atras. Mas o que me chamou a atenção não foi a banda e sim o compositor de "Bento", esse se chama Tom Drummond. Procurei no youtube um pouco mais sobre o cantor e compositor e encontrei musicas que tratam do cotidiano. E mais do que isso, encontrei musicas de pouca esperança, de criticas e de desesperos populares que me doeram quando ouvi. Vamos aos exemplos:


Sarah é uma musica que se trata de uma sequencia de versos que tentam explicar uma menina que o mundo não tem cura, e que nós aqui que moramos nele vivemos em uma mentira achando que tudo está bom.

Seu Santo se trata da vida sofrida de um trabalhador que vê como tudo não está a favor da vida e dessa forma ele pede ao santo para ajuda-lo e para tardar sua morte para que seus filhos não sofram o que ele sofreu.


Essa é a mais cruel e rotineira dos jornais da morte que podemos ver por ai. Um ladrão, uma prostituta que sofreu abuso, um drogado e uma pessoa doente. Todos tem em comum a morte por perto e uma vida desgraçada. E ainda por cima conseguem cantar os sofreres que passaram.

E ai será que tudo isso faz mesmo parte do cotidiano humano. Será que não podemos mudar isso? Eu espero que a nossa consciência nos de poder para mudar tudo isso que essas tristes musicas bonitas falam.

25 de junho de 2011

Dom Quixote, O príncipe e Brás Cubas


Dediquei as últimas duas semanas a análise de algumas obras literárias. Confesso que fiquei espantada ao perceber que uma espada e um chapéu de papelão, um monarca bondoso e umas memórias póstumas têm mais relações do que eu poderia imaginar. Venho observando nas multidões, grupos de amigos ou apenas em meu próprio meio social, tentando encontrar um resquício de esperança e luta, um começo de revolução a favor do bem. Não estou dizendo que não encontrei. Paciência, leitor. Isso é só o começo.
Quando eu tinhas meus 12 anos li Dom Quixote pela primeira vez. Fiquei impressionada com a astúcia de um cavaleiro sem nome, com tal vontade de ajudar que se deixava andar pelos quatro cantos do mundo em busca de lutas, acompanhado por seu fiel escudeiro (que não passava de seu vizinho). Hoje, após ler novamente a obra, descobri o que Dom Quixote queria me mostrar. Ele era conhecido por louco, só porque acreditava nos contos literários e tinha fé que o bem venceria o mal. Dom Quixote não era louco. Ele era o mais inteligente de todos. Ele sabia até onde nós chegaríamos.
Li também O Idiota, de Dostoievski. O príncipe fiel e bondoso sendo apedrejado por ajudar aos outros. E pensar que o personagem era quase um retrato do autor. Uma mente brilhante, que sabia articular planos perfeitamente (apesar das crises de epilepsia), mas que era conhecido como "O idiota" devido a sua fama de pessoa humilde e sem autoridade. Já dizia nosso bom amigo Maquiavel: "Melhor ser temido do que amado". Mas volto a dizer-lhe, caro amigo, o príncipe era também a peça mais importante desse jogo, não só por ser o herói literário, mas sim, pois era ele quem manipulava os cavalos e reis do tabuleiro.
Creio que Brás Cubas é o mais familiar aos ouvidos do que qualquer outro. Com sua inteligência magnífica Machado de Assis soube articular uma obra que não pode ser chamada nem de romance, nem de obra realista. O personagem proporciona uma viagem durante sua vida. Para muitos com tom pitoresco, para uns poucos, uma tragicomédia. Uma vida de acomodações e sonos pesados, que finda com delírios e reencontros. O fim perfeito: a lucidez e vontade de lutar, mesmo após sua morte. As memórias são póstumas. Mas não são vistas da mesma forma. Já dizia Brás Cubas: "O menino é pai do homem".
Não tenho a pretensão de ofertar-lhe mais uma dúvida sem explicar a conclusão, meu amigo. Ao observar tudo isso separadamente, encontrei a relação que mantém a todos unidos pelo fio do presente. Procurei incessantemente os Quixotes, os Príncipes e os Cubas. Encontrei alguns perdidos. Esses deixaram-me perceber que ainda existem muitos destes meus heróis literatos. Mas outros mostraram-me que ter esperança é fácil, mas lutar pelo bem é o mais difícil. Por quê? Simples. Saber que existe a guerra é fácil, deixar a rotina por um segundo e plantar uma flor é perda de tempo. Ler nos jornais que mais uma criança foi estuprada e se apiedar, é fácil. Ler, encarar os fatos e tentar fazer a diferença com a disseminação do bem, isso é empenho demais. Ver uma biblioteca vazia e cada vez mais e mais pessoas ignorantes no mundo, isso é fácil. Mas ler, escrever e tentar mostrar o facínio da literatura, isso é coisa para estranhos. Ver um ônibus lotado e pessoas idosas de pé, é fácil. Dar o lugar e sorrir sem tentar justificar, isso é loucura.
Você pode achar que minhas conclusões são precipitadas, meu caro leitor. Mas deve concordar comigo quando digo que todos esses meus heróis podem até existir no mundo, mas não se deixam arriscar o conforto para usar seus poderes de bem. Seja Dom Quixote, O Príncipe ou Brás Cubas. Seja Alice, João ou Maria. Seja a moça da padaria, a menina da praça ou seu pai. Seja eu, você ou ele. Vamos escrever nossa história com o suor tirado das nossas batalhas, sem se importar com fulano ou seclano. Vamos salvar com um sorriso e apoiar com um ombro amigo. Pois no fim das contas, na fuga dos Quixotes, nos delírios dos Príncipes ou na morte dos Cubas, seremos pessoas que lutaram pelo bem e não se arrependem dos minutos a mais. Saberemos o valor de nossas memórias, que não foram póstumas, mas que deixaram como marca a gota de água no incêndio da rotina. E o mais importante: nunca perderam a esperança e a vontade de fazer sua parte.

23 de junho de 2011

Para pais e mães do Cotidiano

Eu nunca almejei ser mãe, sempre pensei, se acontecer será bem vindo, se não tudo bem. Mas eu estava a cavocar nas entranhas do youtube e encontre isso e dedico aos pais e mães que leem este blog.

17 de junho de 2011

Lotérica

A uns dias atrás fui a lotérica e aproveitei a situação de que haviam 15 pessoas na minha frente na fila para observar.  Primeiro eu reparei que a lotérica tem 5 caixas e só 3 estavam atendendo, mas como poderiam estar com falta de funcionários descartei a hipótese de reclamar disso. O problema que avistei foi quando eu reparei na fila preferencial. A fila que deveria ser menor para um atendimento mais rápido e eficaz estava maior do que a outra fila. E se já não bastasse isso, haviam 3 pessoas na fila preferencial que não tinham preferencia. Elas estavam com crianças no colo, e na placa onde dizem as prioridades exite a seguinte informação: “Caixa Exclusivo para Idoso, Gestantes, Deficientes Físicos, Pessoas com crianças DE COLO e Jogos”. Crianças de colo não são crianças no colo. Crianças de colo são aquelas que não andam, crianças no colo é qualquer pessoa até 10 anos de idade no colo de alguém. Pois bem, na fila preferencial só haviam crianças no colo. Lá fui eu reclamar sobre uma causa que teoricamente nem é minha, chamei a “gerente” e disse: “Minha senhora tem 24 pessoas nessa fila 3 delas não tem direito de usar este caixa” a mulher me olhou estranho e perguntou o porque, eu calmamente disse “crianças de colo, não são crianças no colo, essas crianças andam e não precisam ficar no colo de seus pais fazendo eles se cansaram, então eles deveriam estar na fila que não é preferencial”. Ao ouvirem minha reclamação , sem pestanejar os seres com crianças no colo colocaram seus filhos no chão e se dirigiram para a minha fila, e felizmente justiça foi feita! 

14 de junho de 2011

Meu bem, meu mal.

Os transeuntes andavam apressadamente. As lojas lotadas tinham corações de papel de um vermelho carmim, haviam balões e casais apaixonados. Era dia dos namorados. Vi um casal com cabelos brancos abraçados em um banco. Crianças correndo, aproveitando a desatenção dos pais. Casais jovens namorando românticamente, ou apenas no breve "ficar". Qual será mesmo o conceito desse dia? Passá-lo acompanhado de qualquer um, desde que com alguém? Bem, isso não vem ao caso. Não agora, pelo menos. O que chamou-me a atenção naquele caos era um casal em especial. Tinham aproximadamente a mesma idade, uns 18 anos. Ambos com cabelos castanhos e olhos tristonhos. Discutiam em baixo tom, mas era possível notar o brilho das lágrimas no rosto dele. Não sei o motivo, nem sei se deveria. No meio daquela multidão alegre e desordenada duas almas sofriam, talvez até se separassem. Ora, qualquer casal briga, não é? Mas penso em seus planos.Será que queriam ser um dia como aqueles velhinhos que me chamaram a atenção pouco antes? Já não sei sobre isso. O fato foi que discutiram. Mas no fim, sorriram e abraçaram-se, simplesmente. Quando se olharam novamente não havia malícia ou mágoa. Havia uma coisa apenas. Amor. E isso fez-me ter esperança. Terá você, caro amigo, crença neste verbo?

7 de junho de 2011

Por que?

Fila do mercado
Caos social
E uma criança perguntadeira
          - O mãe, por que que a gente paga as coisas do mercado?
          - Porque é o certo.
          - Mas por que isso é que é o certo?
          - Porque se não seriamos caloteiros
5 minutos depois a mãe empurrando o carrinho de compras cheio com a criança ao lado saindo da porta do supermercado e a criança diz:
          - O mãe, o que é caloteiro?

1 de junho de 2011

Um sol maior

Era um dia frio de maio. A brisa gelada tornava as maçãs do rosto daquela garotinha cada vez mais afogueadas. Suas gargalhadas cristalinas ecoavam por entre os arvoredos que circundeavam a praça. Eu a observava com entusiasmo e diversão. Não sabia seu nome, nem de onde viera. Sabia sim, que seus pais a permitiram passear por poucos minutos: "Ande logo, senão perdemos o ônibus". Ela não trazia tristeza no olhar, parecia vir de uma família humilde. Seus cabelos eram lisos até demais e seus olhos redondos de cor âmbar faziam o dia de frio valer à pena.
Eu estivera sentada no banco daquela praça no meio do nada por meia hora. Até ali não havia nada de mais. As folhas secas resbalavam em minha calça e o frio me fazia estremecer. Li quinze páginas de meu novo romance até que aquela garotinha tivesse me tirado a atenção.
Não parecia se importar com meus olhos abertos para captar suas brincadeiras juvenis. Apenas segurava as bordas do vestidinho aveludado e rodopiava, sorrindo quando as folhas formavam um redemoinho ao seu redor. Eu não segurei um sorriso, que brotou apenas de ver o mesmo que um dia eu mesma fiz. Quando sua mãe a chamou, ela me olhou profundamente e me deixou o último sorriso, que guardo na memória como um presente inexplicavelmente belo.
Depois daquela pequena penso em quantas coisas são substituíveis em nossa vida. Não digo por mal, muitas vezes o subtituir não é consciente. Apenas esquecemos as coisas boas da vida pois temos obrigações. O tempo passa e as responsabilidades aumentam. O cotidiano nos atropela. E aquela criança que segura na barra do vestido e rodopia, hoje faz contas. Ei....você! Diga-me uma coisa, onde está sua criança? Atráz da mesa do escritório? Ou será que está em casa, estudando cinco horas por dia?
Não te condeno. Eu mesma tenho tanto a fazer. Mas deixe-me lhe dizer o que aprendi com aquele sorriso pueril: A vida é bela demais para sufocar a criança interior. E digo mais! Se você me perguntar o que faço nas minhas horas de criança, eu respondo com prazer: Faço poesia e toco um sol maior.